REGÊNCIA VERBAL
Sabrina Markoski
Neste último post sobre
sintaxe de regência, vamos trabalhar a regência verbal. Lembrando que essa
regência trata da relação dos verbos com os termos que eles regem, sendo os
primeiros os determinantes e os segundos, os determinados. Ou seja, a regência verbal
aborda a relação de subordinação entre um verbo e seu complemento e/ou
preposição.
Quando um verbo é intransitivo
ou transitivo direto ele não precisa de preposição, porém essa pode, em
algumas situações, estar presente.
Já um verbo transitivo indireto
exige uma preposição para completar seu sentido.
Vamos observar alguns verbos
que admitem mais de uma regência sem mudar de sentido:
A aurora antecede o dia.
A aurora antecede ao dia.
José
não tarda a chegar.
José
não tarda em chegar.
A
ventania precedeu a chuva.
A
ventania precedeu à chuva.
Cumpriremos
com o nosso dever.
Cumpriremos o nosso dever.
Outros verbos, porém, possuem
outra significação se sua regência for mudada:
Aspirei o
aroma das flores.
Aspirei ao
sacerdócio.
Bonifácio
assistiu ao jogo.
Bonifácio
assistiu o enfermo.
Vejamos a regência de alguns
verbos da língua portuguesa:
Ajudar
É construído com objeto direto
de pessoa:
Antônio
ajudava o pai na roça.
Nós os
ajudaremos.
Eu ajudava-o
a subir a escada.
Ansiar
Se
significar mal-estar, angústia, então ansiar é um verbo transitivo direto:
“O cansaço ansiava-o.” (CAMILO CASTELO BRANCO)
Porém,
se significar um grande desejo, então é, geralmente transitivo indireto:
“Ansiava
pelo novo dia que vinha nascendo.” (FERNANDO SABINO)
E, as
vezes é transitivo direto, quando indica ideia intensiva:
“Minha
alma anseia o infinito” (AMADEU DE QUEIRÓS)
Assistir
Quando
significa prestar assistência, conforto, ajuda, é transitivo direto:
O médico assiste o paciente.
Quando
significa presenciar, o verbo assistir é transitivo indireto acompanhada da
preposição a:
“O
gari a tudo assistia com os olhos esbugalhados.” (ASSIS BRASIL)
Nesse
caso, se o objeto for pronome pessoal, não se usam as formas lhe, lhes, mas a
ele(s), a ela(s):
“Não é propósito nosso descrevermos uma corrida de touros, Todos têm assistido a elas...” (REBELO DA SILVA)
O
verbo assistir também pode ter sentido de caber, pertencer. Nesse caso é
transitivo indireto:
Assiste ao réu o direito de se defender.
E,
ainda, assistir pode ser usado no sentido de morar, residir. Também sendo
transitivo indireto (com a preposição em):
“Sou
obrigado por esta desgraçada posição de deputado a assistir mais algum
tempo na capital.” (CAMILO CASTELO BRANCO)
Chamar
Pode
ser transitivo direto:
O rei o
chamou à sua presença.
Ninguém o chamou aqui, moço. (Não admite “lhe chamou”)
O
objeto direto pode ser regido por preposição de realce por (não
necessária, mas possível):
Chamei por você com insistência, não me ouviu?
Pode
ser construído com objeto seguido do predicativo, admitindo as seguintes
regências:
Chamaram-no,
chamaram-lhe, chamaram-no de, chamaram-lhe de.
“Nós o
chamávamos tiozinho e brincávamos com ele como um boneco.’ (RAQUEL DE
QUEIRÓS)
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