quarta-feira, 10 de junho de 2020

A pesquisa em Letras e a escrita científica


Nathalia Santos Camargo

É, portanto, a insatisfação e a curiosidade que nos movem a fazer ciência, a criar conhecimentos novos num fazer constante. (AGUIAR, 2007, p. 8)

            Como toda pesquisa científica, a pesquisa em Letras nasce de uma inquietação, de uma problemática emergente, de uma discussão ou investigação em aberto, contudo, não esgota os questionamentos acerca de seu objeto, no entanto, contribui para um diálogo e abre caminho para novos questionamentos. Ela necessita de um planejamento teórico e metodológico, um percurso que permita responder às perguntas e inquietações que movem o pesquisador ou a instituição responsável.
            A pesquisa científica se torna, então, uma intervenção na realidade. A busca por uma vida e uma sociedade melhor nos move diariamente, “O comportamento científico, no entanto, exige sistematização, passos calculados, para chegar à formulação de um conhecimento o mais exato possível. ” (AGUIAR, 2007, p. 7), porém, nunca encerra as reformulações que podem ser feitas, é um fazer constante, “Em nosso caso, os achados científicos fundam-se na observação do real e precisam ser constantemente verificados e reformulados, porque as constrições sociais assim o exigem. ” (p. 8), dito de outra forma, os questionamentos nunca se esgotam e são frutos das emergências.
            Falamos, portanto, de um lugar, a Universidade, que tem “[...] por sua vocação, a tarefa de produzir conhecimento novo, transmiti-lo às novas gerações e dirigi-lo ao bem-estar social (pesquisa, ensino e extensão)” (AGUIAR, 2007, p. 8). Isso significa que é papel do pesquisador observar a realidade, as batalhas sociais, refletir e pensar em intervenções e conhecimentos que contribuam para um trabalho significativo e efetivo de transformação, e deve, portanto, contar com um alicerce, uma linha de pesquisa que servirá como norte.
            É importante que esteja explícita, e colocada em uma linguagem acessível, a importância de determinado problema ou inquietação no trabalho científico, especialmente quando ele visa, sobretudo, um bem-estar social. “Para proceder à pesquisa é preciso, assim, construir uma ordem, com base na desordem imediata, organizando os conhecimentos de que dispomos. ” (AGUIAR, 2007, p. 10), para então, atingirmos um percurso produtivo e resultados significativos.

A orientação teórica que escolhemos determina as questões de pesquisa, as hipóteses, os objetivos e a metodologia de trabalho. Uma opção teórica diz respeito a uma visão de mundo, a uma concepção de homem e sociedade que consideramos a melhor. Portanto, nossa ação é sempre guiada por uma atitude diante do real. (AGUIAR, 2007, p. 10, grifos nossos)

            Levando em consideração que nos inscrevemos em um lugar de análise e em uma linha de pesquisa, é preciso delimitar um tema e inquietações específicas, a fim de darmos conta de um gesto de análise. As inquietações pontuais, que são formuladas em objetivos específicos, guiarão um processo de investigação e devem ser constantemente retomadas durante a pesquisa para que se conclua com êxito. A metodologia faz parte desse percurso, ou seja, ela é um planejamento que visa atingir os objetivos delimitados. 
            Diante de um aparato teórico e uma metodologia, podemos então investigar o tema geral, proposto na pesquisa, e analisar os objetivos específicos, fazendo funcionar a teoria na prática. Em um momento conclusivo, é possível e necessário, verificar se as questões iniciais foram respondidas, bem como, observar as dificuldades e novas problemáticas que surgiram no decorrer das análises.
            É de extrema importância compreender o que significa fazer um trabalho científico metodológico, é necessário um planejamento, o funcionamento de teorias e técnicas, e uma análise objetiva, tudo isso, numa escrita que resulta em um relatório ou em um artigo científico, que permite que outros pesquisadores tenham acesso ao trabalho e possam estabelecer diálogos com o que já foi explorado.
            Por fim, “A pesquisa, produtora do conhecimento científico, nunca é neutra, mas, como fenômeno político, está a serviço de interesses sociais. Ela deve se destinar, pois, ao bem-estar das pessoas, na medida em que seus achados possam se transformar em suportes de novos comportamentos. ” (AGUIAR, 2007, p. 14), deve ser, então, acessível a todos, para que cumpra seu papel efetivamente.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, V. T. As letras em foco de pesquisa. In: AGUIAR, V. T.; PEREIRA, V. W. (Org.). Pesquisa em letras. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007. p. 7-14

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