Nathalia
Santos Camargo
É,
portanto, a insatisfação e a curiosidade que nos movem a fazer ciência, a criar
conhecimentos novos num fazer constante. (AGUIAR, 2007, p. 8)
Como
toda pesquisa científica, a pesquisa em Letras nasce de uma inquietação, de uma
problemática emergente, de uma discussão ou investigação em aberto, contudo,
não esgota os questionamentos acerca de seu objeto, no entanto, contribui para
um diálogo e abre caminho para novos questionamentos. Ela necessita de um
planejamento teórico e metodológico, um percurso que permita responder às
perguntas e inquietações que movem o pesquisador ou a instituição responsável.
A
pesquisa científica se torna, então, uma intervenção na realidade. A busca por
uma vida e uma sociedade melhor nos move diariamente, “O comportamento
científico, no entanto, exige sistematização, passos calculados, para chegar à
formulação de um conhecimento o mais exato possível. ” (AGUIAR, 2007, p. 7),
porém, nunca encerra as reformulações que podem ser feitas, é um fazer
constante, “Em nosso caso, os achados científicos fundam-se na observação do
real e precisam ser constantemente verificados e reformulados, porque as
constrições sociais assim o exigem. ” (p. 8), dito de outra forma, os
questionamentos nunca se esgotam e são frutos das emergências.
Falamos,
portanto, de um lugar, a Universidade, que tem “[...] por sua vocação, a tarefa
de produzir conhecimento novo, transmiti-lo às novas gerações e dirigi-lo ao
bem-estar social (pesquisa, ensino e extensão)” (AGUIAR, 2007, p. 8). Isso significa
que é papel do pesquisador observar a realidade, as batalhas sociais, refletir e
pensar em intervenções e conhecimentos que contribuam para um trabalho
significativo e efetivo de transformação, e deve, portanto, contar com um alicerce,
uma linha de pesquisa que servirá como norte.
É
importante que esteja explícita, e colocada em uma linguagem acessível, a
importância de determinado problema ou inquietação no trabalho científico,
especialmente quando ele visa, sobretudo, um bem-estar social. “Para proceder à
pesquisa é preciso, assim, construir uma ordem, com base na desordem imediata,
organizando os conhecimentos de que dispomos. ” (AGUIAR, 2007, p. 10), para
então, atingirmos um percurso produtivo e resultados significativos.
A orientação teórica
que escolhemos determina as questões de pesquisa, as hipóteses, os objetivos e
a metodologia de trabalho. Uma opção
teórica diz respeito a uma visão de mundo, a uma concepção de homem e sociedade
que consideramos a melhor. Portanto,
nossa ação é sempre guiada por uma atitude diante do real. (AGUIAR, 2007, p.
10, grifos nossos)
Levando em consideração que nos
inscrevemos em um lugar de análise e em uma linha de pesquisa, é preciso
delimitar um tema e inquietações específicas, a fim de darmos conta de um gesto
de análise. As inquietações pontuais, que são formuladas em objetivos
específicos, guiarão um processo de investigação e devem ser constantemente
retomadas durante a pesquisa para que se conclua com êxito. A metodologia faz
parte desse percurso, ou seja, ela é um planejamento que visa atingir os
objetivos delimitados.
Diante de um aparato teórico e uma
metodologia, podemos então investigar o tema geral, proposto na pesquisa, e
analisar os objetivos específicos, fazendo funcionar a teoria na prática. Em um
momento conclusivo, é possível e necessário, verificar se as questões iniciais
foram respondidas, bem como, observar as dificuldades e novas problemáticas que
surgiram no decorrer das análises.
É de extrema importância compreender
o que significa fazer um trabalho científico metodológico, é necessário um
planejamento, o funcionamento de teorias e técnicas, e uma análise objetiva,
tudo isso, numa escrita que resulta em um relatório ou em um artigo científico,
que permite que outros pesquisadores tenham acesso ao trabalho e possam
estabelecer diálogos com o que já foi explorado.
Por fim, “A pesquisa, produtora do
conhecimento científico, nunca é neutra, mas, como fenômeno político, está a
serviço de interesses sociais. Ela deve se destinar, pois, ao bem-estar das pessoas,
na medida em que seus achados possam se transformar em suportes de novos
comportamentos. ” (AGUIAR, 2007, p. 14), deve ser, então, acessível a todos,
para que cumpra seu papel efetivamente.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, V. T. As letras em foco de
pesquisa. In: AGUIAR, V. T.; PEREIRA,
V. W. (Org.). Pesquisa em letras.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007. p. 7-14
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