quarta-feira, 29 de abril de 2020


O cinema Western

Clint Eastwood no filme Três homens em conflito, de 1966.

Paulo R. Prado

            Segundo Vugman (2006, p. 159), “o Western é considerado o gênero cinematográfico norte-americano por excelência”. Os elementos presentes nas histórias do Velho Oeste, os índios, os mocinhos e os bandidos, contribuíram para o grande sucesso, e influência de novas produções desse gênero na indústria cinematográfica. O Western teve sua importância não apenas nos Estados Unidos, mas em vários países pelo mundo. O autor destaca o Spaghetti Western, o estilo italiano de filmes de faroeste, cujo principal nome é o de Sérgio Leone, os filmes dirigidos por ele, foram responsáveis por lançar a carreira de Clint Eastwood.
             Ao se pensar em Velho Oeste, a principal imagem que lhe é associada é a do cowboy, “um símbolo legendário e folclórico do oeste selvagem e do período de expansão das fronteiras internas da nova nação” (VUGMAN, 2006, P. 160). O cowboy, solitário e misterioso, que passa por pequenas cidades empoeiradas e com um agitado saloon, tornou-se frequente em narrativas do gênero. A Trilogia dos dólares (Por um punhado de dólares, Por uns dólares a mais e Três homens em conflito) apresenta como principal personagem, “o homem sem nome”, a representação clássica do que seria essa figura folclórica.

Mais antigo dos gêneros cinematográficos, o Western demonstra notável capacidade de adaptação aos novos tempos. A força dos filmes de faroeste reside em sua longeva familiaridade com o imaginário popular e em seu conteúdo imagético. As ideias e o estilo variam, mas as convenções do gênero persistem (BERGAN, 2010, p. 92).

            O cinema hollywoodiano definiu o cenário do Velho Oeste, estabelecendo características, como caçadores de recompensa, xerifes, e roubos a banco, que se mantém ainda hoje. O filme A qualquer custo (2016), em sua narrativa, apresenta dois irmãos, responsáveis por uma série de assaltos a bancos, no interior do Texas, enquanto são perseguidos por oficiais de polícia. Combinando as características de um Western e inserindo uma nova roupagem, já que a história do longa se passa nos dias atuais.
            Geograficamente, como sugere Bergan (2010), a maioria dos filmes, desse importante gênero, se passam a oeste do rio Mississippi, a norte do rio Grande e ao sul da fronteira com o México. O período histórico, de grande importância para a ambientação, se passa entre 1850 e 1890, no qual ocorrerão as corridas do ouro, da Guerra da Secessão, da construção da ferrovia Transcontinental, guerra contra os índios, das caravanas rumo a Oeste etc.
            Um dos elementos narrativos, dentro de um Western, é o ambiente selvagem e a civilização ali inserida, essa ambientação serve para “contar como o Oeste dos Estados Unidos foi conquistado” (BERGAN, 2010, p. 92). Os filmes ambientados nesse período retratam personagens históricos como Billy The Kid, Wild Bill Hickock e os irmãos Frank e Jesse James. As histórias envolvendo personagens como esses, contribuíram para a mitologia contida no Velho Oeste.

O período de ouro do Western começou com No tempo das diligências (1939) e terminou com Rastros de ódio (1956), ambos dirigidos por John Ford e estrelados por John Wayne, o ator-símbolo do gênero. [...] Na década de 1960, os Estados Unidos se tornaram um país em franca transformação. A Guerra do Vietnã alterou a perspectiva do heroísmo da fronteira, bem como as noções morais de bem e mal. Numa época de cinismo, o discurso patriótico do Western perdeu a força (BERGAN, 2010, p. 93).

            Mesmo após seu declínio, o faroeste ainda mantém-se vivo na indústria cinematográfica, sendo um gênero explorado por grandes diretores de cinema, como Clint Eastwood, os irmãos Coen e Quentin Tarantino. Entre as principais obras, da atualidade, sobre esse gênero, podemos destacar: Django Livre (2012) e Os oito odiados (2015), que preservam toda a ambientação e elementos icônicos do Western, combinados com o estilo narrativo característico dos filmes de Tarantino e inspirados, principalmente, pelo Spaghetti Western.

Imagem do filme Django Livre, de 2012.


Referências:
BERGAN, R. Ismos: para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010, p. 92-93.
VUGMAN, Fernando Simão. Western. In: MASCARELLO, F (org.). História do cinema mundial. Campinas, SP: Papirus, 2006, p. 159- 175.

Sem comentários:

Enviar um comentário

                                                    REGÊNCIA VERBAL Sabrina Markoski Neste último post sobre sintaxe de regência, vamo...