O cinema Western
Clint
Eastwood no filme Três homens em conflito,
de 1966.
Paulo R. Prado
Segundo Vugman (2006, p. 159), “o Western é considerado o gênero
cinematográfico norte-americano por excelência”. Os elementos presentes nas
histórias do Velho Oeste, os índios, os mocinhos e os bandidos, contribuíram
para o grande sucesso, e influência de novas produções desse gênero na
indústria cinematográfica. O Western
teve sua importância não apenas nos Estados Unidos, mas em vários países pelo
mundo. O autor destaca o Spaghetti Western, o estilo italiano de filmes de
faroeste, cujo principal nome é o de Sérgio Leone, os filmes dirigidos por ele,
foram responsáveis por lançar a carreira de Clint Eastwood.
Ao se pensar em Velho Oeste, a principal
imagem que lhe é associada é a do cowboy,
“um símbolo legendário e folclórico do oeste selvagem e do período de expansão
das fronteiras internas da nova nação” (VUGMAN, 2006, P. 160). O cowboy, solitário e misterioso, que
passa por pequenas cidades empoeiradas e com um agitado saloon, tornou-se frequente em narrativas do gênero. A Trilogia dos dólares (Por um punhado de dólares, Por uns dólares a mais e Três homens em conflito) apresenta como
principal personagem, “o homem sem nome”, a representação clássica do que seria
essa figura folclórica.
Mais antigo dos
gêneros cinematográficos, o Western
demonstra notável capacidade de adaptação aos novos tempos. A força dos filmes
de faroeste reside em sua longeva familiaridade com o imaginário popular e em
seu conteúdo imagético. As ideias e o estilo variam, mas as convenções do
gênero persistem (BERGAN, 2010, p. 92).
O cinema hollywoodiano definiu o
cenário do Velho Oeste, estabelecendo características, como caçadores de
recompensa, xerifes, e roubos a banco, que se mantém ainda hoje. O filme A qualquer custo (2016), em sua
narrativa, apresenta dois irmãos, responsáveis por uma série de assaltos a
bancos, no interior do Texas, enquanto são perseguidos por oficiais de polícia.
Combinando as características de um Western
e inserindo uma nova roupagem, já que a história do longa se passa nos dias
atuais.
Geograficamente, como sugere Bergan
(2010), a maioria dos filmes, desse importante gênero, se passam a oeste do rio
Mississippi, a norte do rio Grande e ao sul da fronteira com o México. O
período histórico, de grande importância para a ambientação, se passa entre
1850 e 1890, no qual ocorrerão as corridas do ouro, da Guerra da Secessão, da
construção da ferrovia Transcontinental, guerra contra os índios, das caravanas
rumo a Oeste etc.
Um dos elementos narrativos, dentro
de um Western, é o ambiente selvagem
e a civilização ali inserida, essa ambientação serve para “contar como o Oeste
dos Estados Unidos foi conquistado” (BERGAN, 2010, p. 92). Os filmes
ambientados nesse período retratam personagens históricos como Billy The Kid,
Wild Bill Hickock e os irmãos Frank e Jesse James. As histórias envolvendo
personagens como esses, contribuíram para a mitologia contida no Velho Oeste.
O período de ouro do Western começou com No tempo das diligências (1939) e terminou com Rastros de ódio (1956), ambos dirigidos por John Ford e estrelados
por John Wayne, o ator-símbolo do gênero. [...] Na década de 1960, os Estados
Unidos se tornaram um país em franca transformação. A Guerra do Vietnã alterou
a perspectiva do heroísmo da fronteira, bem como as noções morais de bem e mal.
Numa época de cinismo, o discurso patriótico do Western perdeu a força (BERGAN, 2010, p. 93).
Mesmo após seu declínio, o faroeste
ainda mantém-se vivo na indústria cinematográfica, sendo um gênero explorado
por grandes diretores de cinema, como Clint Eastwood, os irmãos Coen e Quentin Tarantino.
Entre as principais obras, da atualidade, sobre esse gênero, podemos destacar: Django Livre (2012) e Os oito odiados (2015), que preservam
toda a ambientação e elementos icônicos do Western,
combinados com o estilo narrativo característico dos filmes de Tarantino e
inspirados, principalmente, pelo Spaghetti
Western.
Imagem
do filme Django Livre, de 2012.
Referências:
BERGAN, R.
Ismos: para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010, p. 92-93.
VUGMAN, Fernando
Simão. Western. In: MASCARELLO, F (org.). História
do cinema mundial. Campinas, SP: Papirus, 2006, p. 159- 175.
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