Fotografia: Patricio Guzmán
dirigindo a série documental A batalha do Chile
O PRIMEIRO CINEMA - CINEMA MUDO
Amanda Felizardo Boraiko
No
início do século XX, o cinema inaugurou uma era das imagens, mas quando se
destacou, por volta de 1895, não tinha uma característica própria e isso fez com
que se misturasse a outras formas culturais, como os espetáculos de lanterna
mágica, o teatro popular, os cartuns,
as revistas ilustradas e os cartões-postais. O primeiro cinema foi marcado por
ter passado por uma transformação constante, a melhor maneira de caracterizar
os primeiros 20 anos do cinema, de 1895 a 1915. Esse primeiro cinema
testemunhou uma série de reorganizações sucessivas em sua produção,
distribuição e exibição.
A história do cinema faz parte de
uma história mais ampla, que engloba não apenas a história das práticas de
projeção de imagens, mas também a dos História do cinema mundial 17
divertimentos populares, dos instrumentos óticos e das pesquisas com imagens
fotográficas. Os filmes são uma continuação na tradição das projeções de
lanterna mágica, nas quais, já desde o século XVII, um apresentador mostrava ao
público imagens coloridas projetadas numa tela, através do foco de luz gerado
pela chama de querosene, com acompanhamento de vozes, música e efeitos sonoros [...]
(MASCARELLO, 2006, p. 16-17).
O
primeiro cinema foi dividido em duas fases muito importantes, a primeira diz
respeito ao “Cinema de atrações”, correspondente ao período de 1894 até
1906-1907, compreendido como a fase de criação de filmes de ficção, e a segunda
parte se caracteriza por um “período de transição”, de 1906 até 1913-1915, esta
última, destaca-se quando os filmes passam a se estruturar como quebra-cabeças,
é o período em que as personagens deixam as ações físicas de lado e partem para
ações psicológicas, busca-se passar as ideias da personagem aos espectadores.
Dentro
do cinema mudo houveram várias formas de representação do primeiro cinema, como
o ilusionismo, a comédia pastelão, o monumentalismo, o atleticismo, o
caligarismo, o expressionismo, o construtivismo, o vanguardismo e, o documentarismo
que será tratado com mais ênfase neste texto. O documentarismo era/é voltado
para retratar a verdade, acontecimentos reais, pode com a representação de
fatos conscientizar as pessoas sobre temas como as condições sociais e demais
acontecimentos do mundo, daquela época.
Segundo
Bergan (2010), “[...] os documentaristas costumam alegar que não criam um
mundo, mas apenas o revelam tal como é. ” (p.23). O termo foi usado pela
primeira vez por John Grierson, principal força por trás do movimento documentarista
britânico na década de 1930, defendendo o gênero como “tratamento criativo da
realidade” e com isso, a fim de definir Moana
(1926), de Robert Flaherty. O documentarismo só começou a ser levado a sério
depois da Revolução Russa (1917), quando imagens de propaganda levaram a
população de todo o país ao bolchevismo – doutrina dos partidários
do marxismo. O uso de documentários com fins publicitários chegou ao seu ápice
durante a Segunda Guerra Mundial e com isso, fez com que o gênero se
desgastasse com o surgimento da televisão. Uma dica de curta-metragem, que
retrata o período de guerra na época e também com as próprias imagens, nos
possibilita perceber como eram feitos os documentários, qual seja, o de Alain
Resnais com Noite e Neblina (1955),
que relata os campos de concentração nazistas. O autor também intercala imagens
em preto e branco, com imagens contemporâneas em cores.
REFERÊNCIAS
BERGAN, Ronald. Ismos- para entender o cinema. São
Paulo: Globo, 2010.
DICIO. Dicionário online de português, 2017.
Disponível em: < https://www.dicio.com.br/bolchevismo/ >. Acesso em: 06
abr. 2020.
MASCARELLO,
Fernando. História do cinema mundial.
(org).Campinas, SP. Papirus, 2006
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