sábado, 4 de abril de 2020

O nascimento da sétima arte



Nathalia Santos Camargo

            Para falar sobre qualquer coisa, é importante (e divertido) que se recorra à história das coisas, a fim de descobrir o que há por de trás daquilo que vemos à nossa frente. Para falar sobre a sétima arte – que ocupa um lugar pouco valorizado em nossa cultura e sofre dificuldades socioeconômicas – recorremos às fontes teóricas e históricas para descobrir as origens das primeiras imagens em movimento.
            Fernando Mascarello, organizador do livro História do cinema mundial (2006), livro adotado em vários cursos de cinema e audiovisual, como pesquisador e doutor em ciências da comunicação, nos traz uma série de textos sobre, não só o nascimento da sétima arte com os inventores franceses, mas uma breve análise da história estética dos filmes que foram produzidos ao longo dos anos, levando em conta o “contexto histórico-cinematográfico de produção e recepção, as características estilísticas, narrativas e temáticas ‘definidoras’” (p. 12). Vale dizer que, os aparelhos que projetavam as imagens em movimento são fruto de vários inventores da época, mais uma invenção dentre as tantas do século XIX.
            O primeiro filme a ser exibido publicamente, foi feito pelos irmãos Lumière e exibido em Paris, no ano de 1895. Seu nome, Chegada de um Trem à Estação de la Ciotat. A película tem menos de um minuto, e exibe a chegada de um trem na estação e pessoas embarcando e desembarcando, algumas às pressas, outras caminhando calmamente.
            Uma série de inventores da época (final do século XIX) estudavam técnicas fotográficas e invenções do tipo, o que possibilitou o nascimento de projetores de imagens em movimento. Pode-se dizer, que “não existiu um único descobridor do cinema” (COSTA, 2006, p. 18). Contudo, o empresário estadunidense, Thomas A. Edison – o famoso inventor da lâmpada – e seus técnicos, inventaram o quinetoscópio, aparelho que foi usado pelos irmãos Lumière para a exibição de seu primeiro filme. A intenção de Edison era produzir máquinas capazes de exibir imagens em movimento (motion pictures).

O quinetoscópio possuía um visor individual através do qual se podia assistir, mediante a inserção de uma moeda, à exibição de uma pequena tira de filme em looping, na qual apareciam imagens em movimento de números cômicos, animais amestrados e bailarinas. O quinetógrafo era a câmera que fazia esses filmetes. O primeiro salão de quinetoscópios, com dez máquinas, cada uma delas mostrando um filme diferente, iniciou suas atividades em abril de 1894 em Nova York. (COSTA, 2006, p. 18)

            Os registros históricos nos mostram que Edison e os irmãos Lumière não foram os únicos e primeiros a criar técnicas, captar e produzir películas, mas que, ganharam fama na história do cinema mundial. Donos da maior produtora de placas fotográficas, os Lumière atingiram uma atividade lucrativa.

Em 1894, os Lumière construíram o aparelho, que usava filme de 35 mm. Um mecanismo de alimentação intermitente, baseado nas máquinas de costura, captava as imagens numa velocidade de 16 quadros por segundo – o que foi o padrão durante décadas – em vez dos 46 quadros por segundo usados por Edison. (COSTA, 2006, p. 19)

            Os primeiros 20 anos da história do cinema, com as invenções e experimentações, faziam parte de uma cultura que tinha como forma de entretenimento o teatro e as atrações de feira, espetáculos mágicos e ilusionistas, seu papel era o exibicionismo e buscava-se espantar e maravilhar o público. O cinema só atingiu a linguagem cinematográfica e consolidou-se como sétima arte, quando a narração começou a ser feita com o estudo dos planos filmados, quando se quis contar uma história e pensar sobre a imagem. As primeiras películas, aquelas que não buscavam ou não tinham a intenção de narrar, são sem dúvida um material histórico desses primeiros anos de experimentação.
            Foi em 1907, que películas com um tom narrativo começaram a ser produzidas, o foco deixou de ser o movimento e buscou-se um desenvolvimento narrativo autoexplicativo. Antes disso, eram exibidas cenas cômicas, cenas de perseguição, truques de mágicas e “histórias de fadas”, com o grande interesse do público e o desenvolvimento de uma linguagem cinematográfica, o mercado cinematográfico ganhou corpo e tinha a intenção de atingir as classes mais altas.
            Em suma, o primeiro cinema, também conhecido como cinema mudo, é marcado pelo ilusionismo, a experimentação de efeitos especiais e um escapismo. As obras-chave para conhecer o que era produzido neste momento, são as obras do ilusionista Georges Méliès: Viagem à Lua (1902), Le mélomane (1903), dentre outras, também dos cineastas: Walsh, Fleming, Von Báky, Has, Gilliam, e Svankmajer. Imaginando uma linha do tempo com Bergan (2010), o que também faz parte desse primeiro cinema são as comédias pastelão, o monumentalismo, o atleticismo, o caligarismo, o expressionismo, o construtivismo, o documentarismo e o vanguardismo. O primeiro cinema compreende as películas que foram produzidas entre os anos de 1895 até 1927, quando surge, então, o cinema falado.
            Para saber mais, como dica de leituras para compreender a história da sétima arte, é interessante conhecer a obra organizada por Fernando Mascarello, História do cinema mundial (2006), onde há a apresentação de uma história do cinema de forma crítica e detalhada. Também, a obra de Ronald Bergan, Ismos: para entender o cinema (2010), que apresenta uma linha histórica do cinema num livro com muitas imagens e legendas para compreender de forma um tanto didática, com uma série de sugestões de filmes.


REFERÊNCIAS

BERGAN, R. Ismos: para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010.
MASCARELLO, F (org.). História do cinema mundial. Campinas, SP: Papirus, 2006.


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