Nathalia
Santos Camargo
Para falar sobre qualquer coisa, é
importante (e divertido) que se recorra à história das coisas, a fim de
descobrir o que há por de trás daquilo que vemos à nossa frente. Para falar
sobre a sétima arte – que ocupa um lugar pouco valorizado em nossa cultura e sofre
dificuldades socioeconômicas – recorremos às fontes teóricas e históricas para
descobrir as origens das primeiras imagens em movimento.
Fernando Mascarello, organizador do
livro História do cinema mundial
(2006), livro adotado em vários cursos de cinema e audiovisual, como
pesquisador e doutor em ciências da comunicação, nos traz uma série de textos
sobre, não só o nascimento da sétima arte com os inventores franceses, mas uma
breve análise da história estética dos filmes que foram produzidos ao longo dos
anos, levando em conta o “contexto histórico-cinematográfico de produção e
recepção, as características estilísticas, narrativas e temáticas
‘definidoras’” (p. 12). Vale dizer que, os aparelhos que projetavam as imagens
em movimento são fruto de vários inventores da época, mais uma invenção dentre
as tantas do século XIX.
O primeiro filme a ser exibido publicamente, foi feito pelos irmãos Lumière e exibido em Paris, no ano de 1895. Seu
nome, Chegada de um Trem à Estação de la
Ciotat. A película tem menos de um minuto, e exibe a chegada de um trem na
estação e pessoas embarcando e desembarcando, algumas às pressas, outras
caminhando calmamente.
Uma série de inventores da época
(final do século XIX) estudavam técnicas fotográficas e invenções do tipo, o
que possibilitou o nascimento de projetores de imagens em movimento. Pode-se
dizer, que “não existiu um único descobridor do cinema” (COSTA, 2006, p. 18).
Contudo, o empresário estadunidense, Thomas A. Edison – o famoso inventor da
lâmpada – e seus técnicos, inventaram o quinetoscópio, aparelho que foi usado
pelos irmãos Lumière para a exibição de seu primeiro filme. A intenção de
Edison era produzir máquinas capazes de exibir imagens em movimento (motion pictures).
O quinetoscópio possuía um visor
individual através do qual se podia assistir, mediante a inserção de uma moeda,
à exibição de uma pequena tira de filme em looping, na qual apareciam imagens
em movimento de números cômicos, animais amestrados e bailarinas. O
quinetógrafo era a câmera que fazia esses filmetes. O primeiro salão de
quinetoscópios, com dez máquinas, cada uma delas mostrando um filme diferente,
iniciou suas atividades em abril de 1894 em Nova York. (COSTA, 2006, p. 18)
Os
registros históricos nos mostram que Edison e os irmãos Lumière não foram os
únicos e primeiros a criar técnicas, captar e produzir películas, mas que,
ganharam fama na história do cinema mundial. Donos da maior produtora de placas
fotográficas, os Lumière atingiram uma atividade lucrativa.
Em 1894, os Lumière construíram o
aparelho, que usava filme de 35 mm. Um mecanismo de alimentação intermitente,
baseado nas máquinas de costura, captava as imagens numa velocidade de 16
quadros por segundo – o que foi o padrão durante décadas – em vez dos 46
quadros por segundo usados por Edison. (COSTA, 2006, p. 19)
Os primeiros 20 anos da história do cinema, com as
invenções e experimentações, faziam parte de uma cultura que tinha como forma
de entretenimento o teatro e as atrações de feira, espetáculos mágicos e
ilusionistas, seu papel era o exibicionismo e buscava-se espantar e maravilhar
o público. O cinema só atingiu a linguagem cinematográfica e consolidou-se como
sétima arte, quando a narração começou a ser feita com o estudo dos planos
filmados, quando se quis contar uma história e pensar sobre a imagem. As
primeiras películas, aquelas que não buscavam ou não tinham a intenção de
narrar, são sem dúvida um material histórico desses primeiros anos de
experimentação.
Foi em 1907, que películas com um tom narrativo começaram
a ser produzidas, o foco deixou de ser o movimento e buscou-se um
desenvolvimento narrativo autoexplicativo. Antes disso, eram exibidas cenas
cômicas, cenas de perseguição, truques de mágicas e “histórias de fadas”, com o
grande interesse do público e o desenvolvimento de uma linguagem
cinematográfica, o mercado cinematográfico ganhou corpo e tinha a intenção de
atingir as classes mais altas.
Em suma, o primeiro cinema, também conhecido como cinema
mudo, é marcado pelo ilusionismo, a experimentação de efeitos especiais e um
escapismo. As obras-chave para conhecer o que era produzido neste momento, são
as obras do ilusionista Georges Méliès: Viagem
à Lua (1902), Le mélomane (1903),
dentre outras, também dos cineastas: Walsh, Fleming, Von Báky, Has, Gilliam, e Svankmajer. Imaginando uma linha do tempo com Bergan (2010), o que
também faz parte desse primeiro cinema são as comédias pastelão, o
monumentalismo, o atleticismo, o caligarismo, o expressionismo, o
construtivismo, o documentarismo e o vanguardismo. O primeiro cinema compreende
as películas que foram produzidas entre os anos de 1895 até 1927, quando surge,
então, o cinema falado.
Para saber mais, como dica de leituras para compreender a
história da sétima arte, é interessante conhecer a obra organizada por Fernando
Mascarello, História do cinema mundial (2006),
onde há a apresentação de uma história do cinema de forma crítica e detalhada.
Também, a obra de Ronald Bergan, Ismos:
para entender o cinema (2010), que apresenta uma linha histórica do cinema
num livro com muitas imagens e legendas para compreender de forma um tanto
didática, com uma série de sugestões de filmes.
REFERÊNCIAS
BERGAN, R. Ismos: para entender o cinema. São
Paulo: Globo, 2010.
MASCARELLO, F (org.). História do cinema mundial. Campinas,
SP: Papirus, 2006.
Sem comentários:
Enviar um comentário