quarta-feira, 29 de abril de 2020

HARRY POTTER: A Magia da Literatura Na Tela do Cinema



Josiele Zevierzecoski
Mariane R. R. Roman


Erroneamente, muitas pessoas acreditam que a materialidade da Literatura se restringe apenas ao livro, entretanto, a saga do bruxinho mais querido do mundo, Harry Potter, é um exemplo de que a materialidade da Literatura está presente também nos cinemas.
Em 26 de junho de 1997, a escritora britânica J.K Rowling deu vida a Harry Potter e a Pedra Filosofal, primeiro livro de uma saga repleta de aventura, mistérios e perigos.
Do livro, ocorreu a adaptação para o cinema, produzido pela Warner Bros em 2001. Harry ganhou visibilidade caiu nas graças do público, e desta forma, a história do jovem bruxo e companhia, devido a grande repercussão, materializou-se nas telas do cinema mundial e todos os livros foram reproduzidos pelo império cinematográfico de Hollywood, encerrando com o filme Harry Potter e as relíquias da morte, parte 2.
Vale salientar que este último está entre os cem filmes com maior bilheteria da história do cinema. Ressaltamos também, que assistir aos filmes não substitui a experiência da leitura do livro, porém todas as formas de viver a Literatura são válidas, então vale a pena apreciar as magias do bruxinho seja no cinema ou na obra original!
Apresentamos a seguir, um resumo dos principais acontecimentos de cada volume das aventuras do “menino que sobreviveu”.

Boa leitura!



A Saga Harry Potter
Em Harry Potter e a Pedra Filosofal, primeiro volume da saga, Rowling começa a contar a história do menino órfão, que foi deixado quando bebê na porta da casa dos Dursley, seus tios trouxas (nome dado a quem não possui magia), para ser criado por eles. Tendo como quarto um armário debaixo das escadas, Harry sofre desprezo e humilhações por parte de sua família adotiva, principalmente pelas mãos de seu primo Duda, um garoto mimado e impiedoso. Aos 12 anos, Harry se descobre bruxo, e é levado por Hagrid para Escola de Magia e Bruxaria de Rogwarts. Lá descobre que seus pais não morreram em um acidente, mas foram assassinados. Lá também conhece aqueles que serão seus melhores amigos durante todo o tempo de escola e também por toda a vida: Hermione Granger e Rony Weasley.
Mas daquele momento em diante, Hermione Granger tornou-se amiga dos dois. Há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro, e derrubar um trasgo montanhês de quase quatro metros de altura é uma dessas coisas. (ROWLING,2000. Pg.156)

Ao fim do livro, Harry se encontra pela primeira vez com seu arqui-inimigo e assassino de seus pais: Lord Voldemort.
O segundo livro da saga, Harry Potter e a Câmara Secreta, narra o segundo ano de Harry em Hogwarts (cada volume representa um ano da vida do personagem). A aventura da vez gira em torno de um diário misterioso e um monstro que ronda a escola, Harry e seus amigos resolvem o mistério e o menino bruxo mata o basilisco, libertando Gina Weasley (irmã de Rony) de suas garras. Neste livro, os laços de amizade entre Harry e o diretor Dumbledore se estreitam. Harry passa a enxergar em Dumbledore a figura de um pai que nunca tivera. Sua fidelidade ao velho bruxo é recompensada quando a fênix de Dumbledore surge para salvar a vida do garoto; essa ave auxilia somente aqueles que são extremamente leais a seu dono:
“Antes de mais nada, Harry, eu quero lhe agradecer”, disse Dumbledore com os olhos novamente cintilantes. “Você deve ter mostrado verdadeira lealdade a mim lá na câmara. Nenhuma outra coisa teria levado Fawkes a você.”
Ele alisou a fênix que voara para o seu joelho. Harry sorriu, sem jeito, diante do olhar do diretor que o observava. (ROWLING, 2000. Pg. 279)

No terceiro livro, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, o enredo torna-se um pouco mais sombrio. Harry e seus amigos têm acesso à magia mais avançada e surge o personagem Sirius Black, padrinho de Harry e condenado por colaborar com o Lord Voldemort no assassinato de Tiago e Lilian Potter, pais de nosso protagonista. Sirius foge da prisão e todos temem que ele procure dar cabo de Harry. Nesse terceiro volume muitos temas e são abordados, como amizade, lealdade, vingança e justiça. Surge também neste volume personagens aterrorizantes, como os dementadores, criaturas malignas que se alimentam de felicidade, e são capazes de sugá-la de suas vítimas até extrair toda sua energia vital.
E então a coisa encapuzada, fosse o que fosse, inspirou longa e lentamente, como se estivesse tentando inspirar mais do que o ar em sua volta. Um fio intenso atingiu todos os presentes. Harry sentiu a própria respiração entalar no peito. O frio [...] chegou ao fundo do peito, ao seu próprio coração... Estava se afogando no frio.
[...] Eu me senti esquisito – disse Rony – como se nunca mais fosse sentir alegria na vida. (ROWLING, 2000. Pg. 73-74)

O feitiço luminoso que combate essas criaturas pode ser realizado mediante pensamentos e lembranças felizes e é extremamente avançado. Harry, apesar de muito jovem, consegue realizá-lo, salvando assim a vida de seu padrinho como também a sua própria. “...a felicidade pode ser encontrada mesmo nos tempos mais escuros se apenas você se lembrar de acender a luz” (ROWLING, 2000).
Harry Potter e o Cálice de Fogo é o quarto volume da saga, e como todos os outros, narra mais um ano na vida do jovem bruxo, agora com 15 anos. A história começa com a copa mundial de quadribol, jogo de bruxos de Harry aprecia muito e é um exímio jogador. A partida em que Harry e alguns amigos assistem termina com a presença de muitos bruxos das trevas, fiéis a Lord Voldemort, que atacam o acampamento dos expectadores. Já de volta à escola Harry é inscrito contra a sua vontade num perigoso e imprevisível torneio tribruxo, onde ele enfrenta seus maiores desafios até ali. Ao final, o troféu o transporta para um cemitério, onde Rabixo, capanga de Voldemort, utiliza o sangue de Harry para trazer seu senhor de volta à sua forma humana. Harry sobrevive ao encontro, porém seu amigo Cedrico é assassinado pelo bruxo das trevas. A perda de Cedrico traz um tom mais trágico à saga, pois traz à tona toda a dor da perda que acompanha Harry desde que nasceu. “Amortecer a dor por algum tempo apenas a tornará pior quando você finalmente a sentir” (ROWLING, 2001).
Harry alerta a todos que seu inimigo está de volta, mas ninguém acredita em seu relato. Neste livro, uma história de amor começa a ser contada: Rony e Hermione percebem que há um sentimento diferente entre eles, mas não conseguem compreender, nem lidar com as novas e confusas sensações.
Em Harry Potter e a Ordem da Fênix, Harry inicia o quinto ano letivo com sua quase expulsão de Rogwarts. O motivo é ter utilizado magia para livrar o primo e ele mesmo de um dementador que os atacara em pleno território de trouxas. Livre do castigo, Harry visita seu padrinho Sirius e conhece a Ordem da Fênix. Fundada e liderada por Dumbledore, a Ordem da Fênix é uma organização de bruxos poderosos que tem o intuito de derrotar Lord Voldemort e seus comensais. Em Rogwarts, Harry se depara com uma nova professora, Dolores Umbridge, que mais tarde se torna Alta Inquisidora da escola, crivando-a de regras fúteis e castigos impiedosos. Harry, inspirado pela Ordem, cria então um grupo de resistência chamado Armada de Dumbledore. Nesse grupo secreto, alunos aprendem a verdadeira magia contra as artes das trevas, mas são descobertos pela megera. Dumbledore, o diretor da escola e amigo de Harry, é apontado responsável pelo ato de rebeldia e é deposto de seu cargo. Harry e seus amigos se unem para desfazer a injustiça.
Ao final do livro, Harry e a Armada de Dumbledore enfrentam Lord Voldemort e seus comensais. Dumbledore derrota o vilão num duelo de magia, porém Voldemort consegue escapar. Mas uma perda significativa torna trágico o final desse episódio: Sirius Black é assassinado por uma comensal chamada Belatriz Lestrange. Harry assim perde mais uma pessoa querida e toma consciência da magnitude da batalha que está por enfrentar.
Sentado ali à beira do lago, com o peso terrível da dor a oprimi-lo, com a perda de Sirius ainda tão sangrenta e recente em seu peito, ele não conseguia sentir nenhum grande temor. [...] O sol já se pusera quando ele percebeu que sentia frio. Levantou-se e voltou ao castelo, enxugando o rosto com a manga pelo caminho. (ROWLING, 2003. Pg. 692)

No penúltimo livro da série, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, Harry encontra um livro de feitiços com os dizeres: “este livro pertence ao Príncipe Mestiço”. Harry se interessa muito pelos feitiços desconhecidos e eficazes anotados à mão pelo antigo dono. O bruxo utiliza um desses feitiços em seu desafeto Draco Malfoy e quase o mata. Arrependido de se deixar influenciar pelo livro, se livra dele. Ao final descobre que o Príncipe Mestiço é na verdade o sagaz professor Severo Snape, que se revela um comensal da morte e apoiador de Voldemort. Snape se volta contra Dubledore e o mata:
Snape ergueu a varinha e apontou diretamente para Dumbledore.
- Avada Kedavra!
Um jorro de luz verde disparou da ponta de sua varinha e atingiu Dumbledore no meio do peito. O grito de horror de Harry jamais saiu; silencioso e paralisado, ele foi obrigado a presenciar Dumbledore explodir no ar: por uma fração de segundo, ele pareceu pairar suspenso sob a caveira brilhante e, em seguida, foi caindo lentamente de costas, como uma grande boneca de trapos, por cima das ameias, e desapareceu de vista. (ROWLING, 2005. Pg.468)

  O Lord das trevas e seus seguidores declaram guerra à Rogwarts e a quem se opuser ao seu plano dominador.
Harry Potter e as Relíquias da Morte é o último livro da saga. Harry já sabe como derrotar Voldemort, e sai à procura dos pedaços da alma do seu inimigo, as horcruxes, a fim de destruí-las. Descobre também que as Relíquias da morte, três objetos mágicos lendários e poderosos, são de fato reais.
- A Varinha das Varinhas – disse ele, desenhando uma linha vertical no pergaminho. – A Pedra da Ressureição. – E acrescentou um círculo no alto da linha. – A Capa da Invisibilidade – terminou, circunscrevendo a linha e o círculo em um triângulo, completando o símbolo que tanto intrigara Hermione. – Juntas – disse ele -, as Relíquias da Morte. (ROWLING, 2007. Pg.319)

 Lord Voldemort está à procura de uma das relíquias, a varinha das varinhas, e consegue retirá-la das mãos sem vida de Dumbledore, em sua sepultura. O lorde das trevas busca acabar com a vida de Harry, antes que este consiga destruir as horcruxes.
Severo Snape morre pelas mãos de Voldemort, mas antes revela a Harry que na verdade era uma espécie de guardião do bruxinho, e agira sempre junto a Dumbledore, para que o menino fosse protegido e zelado do impiedoso Voldemort. Revela também que Dumbledore sabia de sua morte iminente e inevitável, e que solicitara a Snape que ele mesmo desse um final a sua vida. 
- Peço a você um único e grande favor, Severo, porque a morte está vindo me buscar...Confesso que prefiro uma saída rápida e indolor à opção demorada e suja que terei...
Por fim, Snape fez um breve aceno com a cabeça. Dumbledore pareceu satisfeito.
- Obrigado, Severo... (ROWLING, 2007. Pg.531)

A última batalha entre as forças do bem e o exército de comensais da morte acontece em Rogwarts, com desfecho heroico e surpreendente.


Referências
ROWLING, J. K. Harry Potter e a Pedra Filosofal. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
ROWLING, J. K. Harry Potter e a Câmara Secreta. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
ROWLING, J. K. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
ROWLING, J. K. Harry Potter e o Cálice de Fogo. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
ROWLING, J. K. Harry Potter e a Ordem da Fênix. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
ROWLING, J. K. Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
ROWLING, J. K. Harry Potter e as Relíquias da Morte. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.



O cinema Western

Clint Eastwood no filme Três homens em conflito, de 1966.

Paulo R. Prado

            Segundo Vugman (2006, p. 159), “o Western é considerado o gênero cinematográfico norte-americano por excelência”. Os elementos presentes nas histórias do Velho Oeste, os índios, os mocinhos e os bandidos, contribuíram para o grande sucesso, e influência de novas produções desse gênero na indústria cinematográfica. O Western teve sua importância não apenas nos Estados Unidos, mas em vários países pelo mundo. O autor destaca o Spaghetti Western, o estilo italiano de filmes de faroeste, cujo principal nome é o de Sérgio Leone, os filmes dirigidos por ele, foram responsáveis por lançar a carreira de Clint Eastwood.
             Ao se pensar em Velho Oeste, a principal imagem que lhe é associada é a do cowboy, “um símbolo legendário e folclórico do oeste selvagem e do período de expansão das fronteiras internas da nova nação” (VUGMAN, 2006, P. 160). O cowboy, solitário e misterioso, que passa por pequenas cidades empoeiradas e com um agitado saloon, tornou-se frequente em narrativas do gênero. A Trilogia dos dólares (Por um punhado de dólares, Por uns dólares a mais e Três homens em conflito) apresenta como principal personagem, “o homem sem nome”, a representação clássica do que seria essa figura folclórica.

Mais antigo dos gêneros cinematográficos, o Western demonstra notável capacidade de adaptação aos novos tempos. A força dos filmes de faroeste reside em sua longeva familiaridade com o imaginário popular e em seu conteúdo imagético. As ideias e o estilo variam, mas as convenções do gênero persistem (BERGAN, 2010, p. 92).

            O cinema hollywoodiano definiu o cenário do Velho Oeste, estabelecendo características, como caçadores de recompensa, xerifes, e roubos a banco, que se mantém ainda hoje. O filme A qualquer custo (2016), em sua narrativa, apresenta dois irmãos, responsáveis por uma série de assaltos a bancos, no interior do Texas, enquanto são perseguidos por oficiais de polícia. Combinando as características de um Western e inserindo uma nova roupagem, já que a história do longa se passa nos dias atuais.
            Geograficamente, como sugere Bergan (2010), a maioria dos filmes, desse importante gênero, se passam a oeste do rio Mississippi, a norte do rio Grande e ao sul da fronteira com o México. O período histórico, de grande importância para a ambientação, se passa entre 1850 e 1890, no qual ocorrerão as corridas do ouro, da Guerra da Secessão, da construção da ferrovia Transcontinental, guerra contra os índios, das caravanas rumo a Oeste etc.
            Um dos elementos narrativos, dentro de um Western, é o ambiente selvagem e a civilização ali inserida, essa ambientação serve para “contar como o Oeste dos Estados Unidos foi conquistado” (BERGAN, 2010, p. 92). Os filmes ambientados nesse período retratam personagens históricos como Billy The Kid, Wild Bill Hickock e os irmãos Frank e Jesse James. As histórias envolvendo personagens como esses, contribuíram para a mitologia contida no Velho Oeste.

O período de ouro do Western começou com No tempo das diligências (1939) e terminou com Rastros de ódio (1956), ambos dirigidos por John Ford e estrelados por John Wayne, o ator-símbolo do gênero. [...] Na década de 1960, os Estados Unidos se tornaram um país em franca transformação. A Guerra do Vietnã alterou a perspectiva do heroísmo da fronteira, bem como as noções morais de bem e mal. Numa época de cinismo, o discurso patriótico do Western perdeu a força (BERGAN, 2010, p. 93).

            Mesmo após seu declínio, o faroeste ainda mantém-se vivo na indústria cinematográfica, sendo um gênero explorado por grandes diretores de cinema, como Clint Eastwood, os irmãos Coen e Quentin Tarantino. Entre as principais obras, da atualidade, sobre esse gênero, podemos destacar: Django Livre (2012) e Os oito odiados (2015), que preservam toda a ambientação e elementos icônicos do Western, combinados com o estilo narrativo característico dos filmes de Tarantino e inspirados, principalmente, pelo Spaghetti Western.

Imagem do filme Django Livre, de 2012.


Referências:
BERGAN, R. Ismos: para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010, p. 92-93.
VUGMAN, Fernando Simão. Western. In: MASCARELLO, F (org.). História do cinema mundial. Campinas, SP: Papirus, 2006, p. 159- 175.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

CINEMA ANOS DE GUERRA


Capa do filme: Fires were started (1943)

Amanda Felizardo Boraiko

           O propagandismo é um dos vários acontecimentos cinematográficos dentro do cinema em anos de guerra, destaca-se por passar uma suposta “mensagem” ao público. Os filmes sempre têm algo a dizer para os espectadores, mas o termo propagandismo só se aplica quando a qualidade do filme fica praticamente em transmitir uma certa mensagem.
Os filmes de propaganda surgiram na Primeira Guerra Mundial, quando os países em conflito recorreram ao cinema para mostrar ao público o inimigo de uma forma desfavorável, isso acontece também em filme de ficção como por exemplo, Aos corações do mundo (1918), de D.W. Griffith, que retrata os alemães como brutos. No período entre guerras, muitos documentários explanavam os maus da sociedade.
O mais conhecido filme de propaganda nazista foi O triunfo da vontade (1935), de leni Riefenstahl, espetacular documentário sobre o comício de Nuremberg em 1934, mostrando Hitler como um herói wagneriano descendo sobre a cidade medieval para salvar “Das Volk” (O povo).  (BERGAN, 2010, p. 66) 
            Na Segunda Guerra Mundial, os aliados produziram muitos filmes antinazistas, por exemplo, os documentários de Humphrey Jennings, sobre os efeitos da guerra sobre o cidadão comum incluindo, London can take it! (1940) e Fires were started (1943), influenciaram a opinião pública nos Estados UnidosJá na Guerra Fria, houve pouca produção de filmes abertamente anticomunistas, como Fui comunista para o FBI (1951), com pouca influência no clima liberal das décadas de 1960 e 1970 nos Estados Unidos.
                                           

REFERÊNCIAS

BERGAN, Ronald. Ismos- para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Senhor dos Anéis: do prestígio literário ao sucesso no cinema


Imagem: Capa do livro “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel. Edição de 2012.

Senhor dos Anéis: do prestígio literário ao sucesso no cinema

André Sant’Ana Granville

A obra maior do professor universitário e filólogo britânico do século XX, John Ronald Reuel Tolkien, O Senhor dos Anéis, é considerada até hoje como o pilar da fantasia moderna[i]. Sua obra percorreu o tempo ganhando cada vez mais renome pela riqueza de detalhes, informações e criatividade, além de exemplos valiosos no processo de “worldbuilding” e inclusive na criação de novas línguas fictícias, não poupando esforço para um dos trabalhos mais completos de seu tempo, plantando um solo fértil para todos os sucessores do seu legado nesse gênero literário.
Escrito durante toda a sua vida, sendo inclusive editado e finalizado postumamente pelo seu filho Cristopher Tolkien, a obra completa conta com mais de 5 livros detalhando toda a história de um mundo nunca antes visto, desde sua criação, até as aventuras mais improváveis no final da última era conhecida pelos seus habitantes. Tanto material literário, iria inevitavelmente, chamar a atenção de diretores de cinema visando à adaptação para as telonas. E em um sucesso sem precedentes, um dos trabalhos mais prestigiados no meio literário, alcançou também uma marca histórica no mundo cinematográfico.
Quando o diretor Peter Jackson consegue os direitos para começar a filmagem da trilogia de filmes O Senhor dos Anéis, o projeto era um dos maiores e mais ambiciosos desafios da indústria, com um orçamento de 281 milhões de dólares e uma infinidade de atores, extras, localizações e efeitos para serem produzidos[ii]. O resultado, porém, não foi nada além de um sucesso estrondoso assim que atingiram os cinemas mundiais. A trilogia foi vencedora de 11 Oscars, se igualando a Titanic (1998) e Ben Hur (1960) como os filmes mais premiados da história da Academia de Hollywood, provando de uma vez por todas que uma adaptação do gênero fantástico para o público jovem/adulto era digno do topo do prestígio internacional.
A série de filmes foi divida seguindo a narrativa dos livros, com o primeiro filme O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001) contando a história de uma épica missão de Frodo Baggins, um Hobbit do Condado e seus amigos Samwise Gangee, Meriadoc Brandybuck, Peregrin Tûk e o mago Gandalf, o Cinzento para destruir o Um Anel, criado pelo Senhor das Trevas em seu reino maligno e salvar o mundo da guerra e da destruição. Em uma aventura cheia de magia, perigos, coragem e amizades inesperadas, somos levados por cenários estonteantes da Terra-Média, mundo criado por Tolkien e que serve de casa para os nossos heróis. O segundo filme, O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002), continua com a aventura cada vez mais perto do seu ápice, onde nos deparamos com novas formas de traição e maldade e o futuro do mundo pende cada vez mais na esperança e nas pequenas mãos dos nossos protagonistas. O filme final, O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003) nos traz um desfecho cheio de emoção e adrenalina em mais de 3h e 30 minutos de pura ação para uma narrativa que nos ensina sobre amor, esperança, justiça, coragem e tenacidade, e firmando seu lugar como uma história essencial para todos os amantes da fantasia adulto juvenil.
Desde o século XX, O Senhor dos Anéis atinge cada vez mais um lugar de honra entre as histórias mais lindas sobre valores humanos, e com a sua adaptação de cinema, temos o acesso facilitado a um grande sucesso da literatura moderna. Os filmes tem seu lugar gravado entre as maiores produções da nossa época e ainda são objetos de admiração e fonte de inspiração para escritores e diretores de todo o mundo. Se o leitor ainda não conhece essa grande aventura, desejamos uma ótima leitura ou filme, e esperamos que mais uma vez, a fantasia transforme a vida de quem tem coragem de experimentar a sua magia.
Imagem: Capa do filme “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001).



[i] [i] "Vídeo J. R. R. Tolkien: Father of Modern Fantasy, Mitchell, Christopher Google Vídeo "Let There Be Light" Televisão da Universidade da Califórnia.

[ii] [ii] SHEPARD, Jack. Lord of the Rings set to become the most expensive TV show of all time. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20171115153430/http://www.independent.co.uk/arts-entertainment/tv/news/lord-of-the-rings-tv-show-cost-jrr-tolkien-christopher-a8056631.html>. Acesso em: 15 abr. 2020.

segunda-feira, 13 de abril de 2020


O cinema surrealista


(Imagem do filme Um cão andaluz, de 1928).


Paulo R. Prado

            O movimento surrealista, segundo Canizal (2006), teve seu apogeu por volta de 1933. Baseado nos princípios de que existe uma realidade superior, à qual se chega através dos processos oníricos (relacionados à natureza dos sonhos), o Surrealismo apresenta imagens enigmáticas e, aparentemente, desconexas que se desprendem do racional. É através de sua linguagem, singular, que os artistas, desse movimento, apresentam em suas obras todo um simbolismo que representa o acesso a essa realidade superior.
Ronald Bergan (2010) cita o poeta francês, André Breton, que em seu Manifesto do surrealismo, de 1924, defendeu o Surrealismo como sendo uma arte que se isenta do controle da razão e de preocupações estéticas ou morais. O primeiro filme surrealista é o curta Entreato, de 1924, de René Clair, que fazendo uso de movimentos acelerados e câmera lenta, acompanha dois personagens perseguindo um carro fúnebre, até um velório. O cinema se revelou o meio ideal para as teorias de Breton.

Os grandes pintores surrealistas acreditavam que limitar a representação das coisas aos moldes formulados pela consciência era restringir de maneira intolerável a liberdade e, além disso, reduzir a um mínimo insignificante as riquezas e possibilidades significativas da existência (CANIZAL, 2006, p. 145).

Através da espontaneidade artística, surrealista, foi sendo construída uma linguagem que proporcionava a liberdade, para expressar e criar, sem a necessidade de seguir padrões, rompendo assim com conceitos autoritários da sociedade.
O cinema surrealista possui várias obras que apresentam, em seu conteúdo, extrema importância representativa pra esse gênero, como o filme Um cão andaluz, fruto da colaboração entre Salvador Dalí e Luis Buñuel, que mostra, em seus minutos iniciais, a icônica cena de um olho sendo cortado por uma navalha. O Surrealismo trouxe, à luz, imagens reprimidas e traumas armazenados no inconsciente do ser humano, alternando entre imagens do mundo real e do mundo dos sonhos.
Para Canizal (2006), atualmente se reconhece que dentre as diversas linguagens que o Surrealismo desejava restaurar, as utilizadas nos principais filmes desse gênero, são as que explicam, de maneira mais eficaz, um mundo, ainda desconhecido, situado sob as ruinas que a hipocrisia social e os horrores da guerra disseminaram. Na expressão artística surrealista a liberdade de criação é o princípio fundamental e diferencial.

Com seus símbolos enigmáticos, o surrealismo, atraiu muitos cineastas do Leste Europeu que trabalhavam sob regimes repressivos, Walerian Borowczyk e Wojciech Has, na Polônia, e Jan Svankmajer, na antiga Tchecoslováquia. O humor surreal permeou, ainda, Canções do segundo andar, de 2000, e Vocês, os vivos, de 2007, ambos do sueco Roy Andersson (BERGAN, 2010, p. 43).

            A influência surrealista não se deu apenas na Europa. O Surrealismo também foi explorado pelo cinema hollywoodiano. Uma das produções americanas, que seguem esse gênero, é o filme Quero ser John Malkovich, roteirizado por Charlie Kaufman e dirigido por Spike Jonze. O longa apresenta, em sua narrativa, um portal que dá acesso, durante 15 minutos, à mente do ator John Malkovich, interpretado por ele mesmo. Para aqueles que buscam expressar-se de maneira livre e descompromissada com o mundo real, o surrealismo tem sido fonte inesgotável de inspiração.


(Imagem do filme Quero ser John Malkovich, de 1999).



Referências:

BERGAN, R. Ismos: para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010, p. 42-43.
CANIZAL, Eduardo Penuela. Surrealismo. In: MASCARELLO, F (org.). História do cinema mundial. Campinas, SP: Papirus, 2006, p. 143-155.


domingo, 12 de abril de 2020

Animação Tradicional - Origem e principais técnicas



Animação Tradicional - Origem e principais técnicas


Vinicius Iubel Orizio

Quando falamos sobre animação, é difícil apontar no ponto certo o qual ela surgiu, pois existe um número bem diverso de tipos e técnicas (como 2d, 3d, stop motion etc.), que foram desenvolvidos de forma independente ao longo dos anos. O desejo de dar vida a desenhos estáticos pode remontar ao paleolítico, quando animais eram retratados em diferentes posições sobrepostas ilustrando uma ação (imagem 1). Mais tarde, a partir do século XVII, começaram a aparecer ferramentas como a Lanterna Mágica e o Fenacistoscópio (imagem 2), que eram capazes de gerar a ilusão de movimento em ilustrações, e serviram de base para o surgimento de outros equipamentos, como o cinematógrafo, fundamental para o surgimento do cinema. No entanto, o tipo de animação que iremos tratar hoje é aquela conhecida como animação tradicional, que foi, por muitos anos, a forma mais comum de se fazer desenhos animados.
Imagem 1: Desenho rupestre, na Caverna de Chauvet,
ilustrando animais em movimento.

Phenakistoscopes (1833) – The Public Domain Review
Imagem 2: Fenacistoscópio causando a ilusão de movimento.
A animação tradicional é caracterizada por ter cada quadro (frame) desenhado a mão. A origem dessa técnica está diretamente conectada com a origem do cinema. Não há um consenso de qual foi o primeiro filme animado da história, pois, apesar do inventor Charles-Émile Reynaud ter apresentado três curtas-metragens animados em sua máquina de projeção batizada de Théatre Optique, em 1892, esses ainda não eram considerados filmes de fato (gravados e projetados em película). Foi só mais de quinze anos depois, em 1908, que apareceu “Fantasmagorie”, obra dirigida pelo também francês Émile Cohl, que inaugurou a animação tradicional como a conhecemos. O curta-metragem de Cohl consiste de simples desenhos lineares que se transformam, de maneira fluida, em outros desenhos. É importante lembrar que antes de Fantasmagorie, outros cineastas já tinham feito experimentos com outras técnicas de animação (como stop motion) no cinema.
Quatro minutos restaurados do curta "Pauvre Pierrot" (1892). O que sobreviveu da obra de Reynaud. Infelizmente o restante foi perdido.
O curta-metragem "Fantasmagorie" (1908), de Cohl, considerado o primeiro filme inteiramente animado e pioneiro da técnica de animação tradicional

No Estados Unidos, o prolífico e influente cartunista Winsor McCay lançou o curta  “Gertie the Dinosaur”, em 1914, apresentando a dinossaura Gertie, a primeira estrela do cartoon americano. A partir daí, começaram a aparecer empresas especializadas em animações, como a Barré Studio, com produção de cartoons em massa. E é aqui que paramos o nosso recorte histórico, pois logo surgiriam nomes como Gato Félix e Walt Disney, com seu Mickey Mouse, assuntos que merecem posts próprios. Vamos falar, então, um pouco sobre as principais técnicas utilizadas na animação tradicional.

“Gertie the Dinosaur” (1914)

Célula: Este é o nome que se dá a finas folhas de papel transparente que eram utilizadas nas animações. Nessa técnica, o animador faz a ilustração de cada quadro nas células, desenhando de um lado e pintando do outro. Essas células são posicionadas em cima de uma imagem de fundo (background), onde são fotografadas, para depois serem animadas em 12 ou 24 quadros por segundo. É um método econômico, pois os quadros não precisam ser redesenhados inteiramente para cada movimento, já que as células podem ser sobrepostas e elementos como o cenário e objetos estáticos podem ser reaproveitados em todos os quadros de uma cena. Um exemplo de filme que usa essa técnica é “A Pequena Sereia” (1989), último filme da Disney pintado a mão.
Mesmo que não tenha sido inteiramente animado dessa forma, "A Pequena Sereia" (1989) foi o último filme da Disney a ser pitando a mão, com a utilização de células

Animação Limitada: Consiste em uma técnica barata em que o reaproveitamento de imagens é levado bastante a sério. Aqui só são animadas as partes que vão realmente se mover, como por exemplo, apenas a boca de um personagem se mexe, enquanto todo o resto de seu corpo, como a cabeça (que se moveria em uma animação realística), permanece estático, dando um ar robótico a animação. Às vezes, até cenas inteiras são reutilizadas em episódios diferentes de um cartoon ou anime. Foi muito usado nos desenhos da Hanna-Barbera, como “Scooby-Doo, Where Are You?” (1969) e outras produções de baixo orçamento. 
Vídeo (em inglês) descrevendo o processo de criação do estúdio Hanna-Barbera, utilizando técnicas de animação por célula e animação limitada.

Câmera multiplano: Buscando dar uma sensação de profundidade à animação 2D, as camadas da animação são posicionadas a uma certa distância uma da outra na hora de fotografar os quadros. Um exemplo da câmera multiplano pode ser visto em Bambi (1942). No vídeo abaixo, em inglês, a técnica é explicada pelo próprio Walt Disney.

Walt Disney explicando o funcionamento da câmera multiplano

Rotoscopia: Na rotoscopia, o animador desenha os traços, quadro a quadro, com base em filmagens de atores reais, dando um aspecto extremamente realista aos movimentos. Como exemplo da técnica, podemos citar o clássicos da Disney “Branca de Neve e os Sete Anões”(1937).
Making Of de "Branca de Neve e os Sete Anões" (1937, em português). A técnica de rotoscopia propriamente dita (desenho em cima da imagem real) não é mostrada aqui, porque Disney queria que os desenhos fossem apenas baseados em imagens reais e não totalmente copiados, no entanto a técnica acabou sendo utilizada para que o filme ficasse pronto mais rápido.

O que aconteceu com a animação tradicional? Podemos dizer que animação tradicional, feita a mão e fotografada quadro a quadro, praticamente já não existe mais. Entretanto, a partir da década de 80, com o crescimento da utilização de computadores, muitas das técnicas e princípios da animação tradicional foram sendo transportados gradualmente para a animação 2D feita em computador. Embora a maior parte dos filmes animados hollywoodianos hoje seja feita em 3D, as produções 2D continuam sendo feitas em larga escala na TV americana e nas produções japonesas. Os entusiastas do 2D (como o blogueiro que vos escreve) podem ficar tranquilos, porque os desenhos bidimensionais continuarão fazendo parte de nossa cultura pop por um bom tempo.

Totoro's face in the rain ☂ (With images) | Studio ghibli, Studio ...

REFERÊNCIAS

ANIMAÇÃO S.A. Branca de Neve e os Sete Anões – O Filme Marco na História do Cinema de Animação (2ª Parte). 2015. Disponível em: <http://animacaosa.blogspot.com/2015/08/branca-de-neve-e-os-sete-anoes-o-filme.html> Acesso em: 11 abr. 2020.

AZÉMA, Marc; RIVÈRE, Florent. Animation in Palaeolithic art: a pre-echo of cinema. Antiquity, Cambridge, v. 86, n. 332, p.316-324, jun. 2012. Disponível em: <http://lisahistory.net/hist106/pw/articles/AnimationinPalaeolithicArt.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2020.

DIRKS, Tim. Animated Films. Disponível em: <https://www.filmsite.org/animatedfilms.html> Acesso em: 11 abr. 2020.

HEGINBOTHAM, Claire. What Is Cel Animation & How Does It Work?. Disponível em: <https://conceptartempire.com/cel-animation/> Acesso em: 11 abr. 2020.

NANQUIM. Fenacistoscópio e a base para a animação. 2017. Disponível em <https://nanquimsite.wordpress.com/2017/08/06/fenacistoscopio-e-a-base-para-a-animacao/> Acesso em: 11 abr. 2020.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Altura e lado do ângulo na fotografia com exemplos da cultura pop.

Sabrina Markoski

  Você, provavelmente, já ouviu algo parecido com “o cinema é a arte da imagem em movimento”. Para explicar esse enunciado podemos utilizar da definição de Sanches (2018), segundo a qual a cinematografia é a técnica de projetar imagens estáticas sequenciais, chamadas de fotogramas, sobre uma tela, com velocidade suficiente para que essas imagens entrem em movimento. Percebe-se assim, que a fotografia é primordial e imprescindível para o cinema, aliás, existe uma categoria do Oscar que avalia justamente isso, a fotografia de um filme.

 Alguns dos pontos que a fotografia envolve são os planos, angulação, enquadramento e movimentação da câmera. Obviamente, existe uma infinidade de ângulos que pode ser utilizada, dependendo do posicionamento da câmera escolhido e da significação pretendida. Contudo, há três alturas de ângulos que são as mais utilizadas: normal, plongée e contra-plongée. 


Normal

  Também chamado de reto, é o ângulo utilizado quando a câmera está no nível dos olhos da pessoa que está sendo filmada, uma das possíveis significações que ele pode gerar é a sensação de igualdade com o espectador ou com quem observa a foto. 
Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001). Direção: Chris Columbus.

Plongée

  É o ângulo de cima para baixo, ocorre quando a câmera está acima do nível dos olhos. Ele deixa o objeto ou pessoa filmada/fotografada menor e pode produzir a impressão de fraqueza e sensibilidade. Plongée vem do francês “mergulho”.

Senhor do Anéis: A Sociedade do Anel (2002). Direção: Peter Jackson.


Vingadores: Era de Ultron (2015). Direção: Joss Whedon.


Contra-plongée

   Ocorre quando a câmera está voltada de baixo para cima, abaixo do nível dos olhos. Em francês, seria algo como “contra mergulho”. 

Alice no País das Maravilhas (2010). Direção: Tim Burton.

Friends (1994-2004). Criada por David Crane e Marta Kauffman.


Lado do ângulo

  Vamos comentar quatro posições mais comuns.


Frontal

A câmera está alinhada ao nariz da pessoa fotografada ou filmada. 

Stranger Things (2016 -). Criada por:Ross Duf fer, Matt Duffer, Jessie Nickson-Lopez, Justin Doble, Kate Trefry, Paul Dichter.

¾ - Três quartos 

 É uma imagem lateral, mas não é de perfil, a câmera estará posicionada a aproximadamente 45° graus do nariz do filmado ou fotografado. É um dos ângulos mais utilizados na filmagem de diálogos. 


O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001). Direção: Jean-Pierre Jeunet.

Perfil

  Como o próprio nome indica, a pessoa é filmada ou fotografada de perfil, a câmera estará posicionada em um ângulo de aproximadamente 90° graus em relação ao nariz da pessoa.

Valente (2012). Direção: Brenda Chapman, Mark Andrews.

La Casa de Papel (2017 -). Criada por: Álex Pina. 

Traseiro

  Também chamado de ângulo de nuca, porque a câmera está alinhada a nuca da pessoa filmada/fotografada. 
A Bela e a Fera (1991). Direção: Gary TrousdaleKirk Wise.

Anne with an E (2017-2019). Direção: Moira Walley-Beckett.

  Agora, com essas informações, você pode desenvolver um olhar mais crítico para a cinematografia, observando e analisando o que a equipe técnica do filme intentou significar com a altura e o lado dos ângulos utilizados. Além disso, você pode aplicar essas técnicas nas suas próprias fotos e filmagens. 


Referências:

CONTANDO HISTÓRIAS POR ENQUADRAMENTOS, PLANOS E ÂNGULOS. 2018. Disponível em: http://www.monsterdigital.com.br/Blog/contando-historias-por-enquadramentos/. Acesso em: 09 abr. 2020.


ESPECIAL: As categorias do Oscar - Parte 3 (Fotografia e Montagem). 2017. Disponível em: https://www.minhavisaodocinema.com.br/2017/02/especial-as-categorias-do-oscar-parte-3.html. Acesso em: 09 abr. 2020.

SANCHES, Izabel. A fotografia no cinema. Disponível em: https://lightroombrasil.com.br/a-fotografia-no-cinema/. Acesso em: 09 abr. 2020.

NUNES, Andreza. Conheça os Planos e Ângulos que compõem um enquadramento. Disponível em: https://www.cinemundo.net.br/conheca-os-planos-e-angulos-que-compoem-um-enquadramento/. Acesso em: 09 abr. 2020.



                                                    REGÊNCIA VERBAL Sabrina Markoski Neste último post sobre sintaxe de regência, vamo...